“A paz que você procura está no silêncio que você não faz...”
Ouvi essa frase em 1990, ano em que cheguei a Jaraguá do Sul.
Dita pela minha, até hoje, amiga, Dorly Menslin. A intenção foi me levar a uma
reflexão sobre o momento que eu atravessava. O fato de estar em uma cidade
nova, maior que a de origem, longe de toda família, ainda com poucos amigos e,
o mais agravante, sem minha mãe que havia perdido pouco tempo antes.
A Dorly era minha colega de trabalho, todos os dias fazíamos
a refeição do almoço juntos. Nosso bate papo ocorria no refeitório da empresa
(Breithaupt) ou na lanchonete do Sandro, também amigo da gente com
estabelecimento na Marechal, em frente a loja.
Passados tantos anos, não consigo esquecer as colocações da
minha amiga ao analisar a importância do silêncio interior. Nos sentimos,
muitas vezes, perdidos em nossos sentimentos, não pelas pessoas que amamos, mas
justamente por aquelas a nossa volta, no dia a dia. Colegas de tr
abalho, indigentes na rua, vizinhos, amigos de escola...sabe,
as pessoas que encontramos no cotidiano. Ao invés de darmos importância para as
coisas do espírito analisamos o que sai da boca das pessoas. Nos sentimos
feridos, magoados, chateados e até incapazes de perdoar atos insanos de pessoas
que nada refletem para a nossa vida.
A Dorly estava certa. Hoje, com mais de 40 anos, sinto
necessidade desse silêncio interior, dessa paz que tanto pregamos e não
buscamos. Meus filhos até tentam tirar uma casquinha quando minha opção é por
filmes mais melosos, românticos, dramas com finais felizes, música mais
tranquila. “Luzardo, tudo na vida passa. Amanhã verás que se tornou outra
pessoa. Então busque no silêncio a paz para o seu coração e a partir disso vais
entender melhor os atos das pessoas, a sanidade ou loucura de cada um e, melhor
de tudo, te sentirás mais sábio para ajudar outras pessoas...”. Ela tinha
razão...
Mas confesso: ainda sinto a necessidade do silêncio para
encontrar essa paz, que as vezes chega, mas logo se vai. Não tenho pressa, sei
que o equilíbrio vem com a experiência que só a vida é capaz de oferecer.
Texto: Luzardo Chaves
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