15 de ago. de 2012

BASTA UM VOTO

Basta um voto13/08/2012 | 10h46

Oito cidades de Santa Catarina têm candidatura única para prefeito

Nestes municípios, os partidos preferiram o acordo e fecharam coligação em chapa única

 
Natália Viana e Darci Debona / Jornal Diario Catarinense
Basta apenas um voto. Este é o mínimo necessário para que oito candidatos a prefeito se elejam em Santa Catarina nestas eleições. Em oito municípios, os partidos decidiram pelo lançamento de candidatura única, deixando para o eleitor apenas três opções de voto: no candidato, branco ou nulo.
Nestes casos, os candidatos precisarão apenas de um voto porque a legislação determina que, nas cidades com menos de 200 mil habitantes, vence aquele que receber a maioria dos votos válidos.
Como os votos brancos e nulos não são considerados votos válidos, no dia 7 de outubro bastará apenas o candidato votar em si mesmo para que ele seja eleito. Em todo o Brasil, são 106 municípios com candidatura única, o que representa 1,9% das 5.568 cidades brasileiras.
Dos oito candidatos únicos, dois buscam a reeleição: Alcir José Bodanese (PMDB), de Rio das Antas; e Amarildo Paglia (PMDB), de Vargeão. Em 2008, houve casos de candidaturas únicas em nove cidades catarinenses. Em três municípios essa condição se repete quatro anos depois.
Em Águas Frias, na eleição passada, o atual prefeito Marino Daga (PT) foi candidato único, apoiado pelo PP, DEM, PSDB e PMDB. Desta vez, Danilo Daga (PP) encabeça a chapa única, apoiada pelo PT, PMDB, PSDB, PSD.
Já em Caibi, em 2008, o atual prefeito Adilar Carlesso (PMDB) conquistou a reeleição sem adversários depois que o PT local, que representava a oposição, aderiu ao projeto. Agora, o município mantém a tradição e o petista Dilair Menin (PT) é quem será candidato único em coligação com o PMDB e PSD.
O outro exemplo é Jardinópolis. Na eleição passada, o atual prefeito Dorildo Pedorini (PP) foi o único candidato com apoio do PSDB, PMDB, DEM e PT. Neste ano, a coligação se repete, mas Sadi Gomes Ferreira (PMDB) é que entra na disputa.
Para o professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), David Fleicher, considera que, por não permitir alternativas, a existência de candidaturas únicas é ruim para os eleitores. Para driblar a falta de debates, o professor acredita que a iniciativa poderia partir da própria comunidade, a partir da discussão das propostas apresentadas.
_ Poderia haver uma série de encontros, bairro por bairro, onde o candidato único poderia debater alternativas de políticas públicas e ouvir os comentários e sugestões dos eleitores _ sugere Fleicher.
O secretário-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), juiz Carlos Henrique Braga, também acredita que, embora legal, uma eleição com candidato único é ruim para a democracria. Em entrevista à Agência Brasil, Braga destaca que a falta de debate e de uma disputa, enfraquece a eleição.
CONFIRA AS CIDADES E OS CANDIDATOS:
Abdon BatistaO atual vice-prefeito concorre ao cargo máximo do Executivo em Abdon Batista, no Meio-Oeste. A novidade deste ano é que os cinco partidos do município se uniram em uma única coligação. Todos devem apoiar o PMDB, que concorre com chapa pura. A ideia, segundo o candidato a prefeito Lucimar Salmoria, é traçar um projeto de governo que englobe todas as necessidades do município, sem, segundo ele, defender interesses de um ou outro partido específico.

Ele, junto com o vice, o também peemedebista Fernando Mocelin, afirmam sentir boa receptividade nas ruas em relação à chapa única. Assim como no Executivo, que tem apenas um concorrente, somente 12 candidatos disputarão o Legislativo, que tem nove vagas. Segundo Salmoria, a redução no número de candidatos é uma novidade na história política do município e deve trazer benefícios à população, já que todos estão unidos em objetivos comuns.

Águas FriasA família Daga está dominando a política em Águas Frias, onde, pelo segundo mandato consecutivo, houve consenso de candidatura. O candidato único é Danilo Daga (PP), primo do vice Luiz Daga (PMDB) e primo do atual prefeito, Marino Daga (PT). Danilo disse que o consenso foi negociado.

— Cada um cede um pouco — explicou.

Na eleição passada, o DEM tinha o vice, Gilberto Terrible, e o PT era cabeça de chapa. Agora, os demistas que foram para o PSD estão fora da executiva, mas terão quatro dos 13 candidatos a vereador. O PMDB terá o vice e mais quatro nomes ao Legislativo. O PP terá o candidato a prefeito e apenas um candidato a vereador.

Os outros dois partidos, PT e PMDB, terão dois candidatos cada. As lideranças sustentam que a ideia de juntar os partidos numa candidatura única tem dado resultado positivo na busca de recursos para o município.

Caibi Em Caibi, apesar de ter uma chapa única para prefeito e vice, não houve consenso. O atual vice-prefeito, Dilair Menin (PT), desta vez vai concorrer na cabeça de chapa. E o PMDB, do atual prefeito Adilar Carlesso, indicou o vice, Elói Líbano (PMDB).

A chapa tem, ainda, o apoio do PSD. No entanto, o PP, não lançou candidato para a prefeitura, mas também não apoiou Menin.

— Eles não nos procuraram e nós não procuramos eles — afirmou o presidente do PMDB, Sidinei Bellé.

A coligação terá 13 candidatos, sendo oito do PMDB, quatro do PT e um do PSD. O PP terá cinco candidatos à Câmara de Vereadores. Os concorrentes deste ano disputam os 4.845 votos.

Ipira A candidatura única não é um consenso no município de Ipira, no Meio-Oeste catarinense. Dois partidos ficaram fora da coligação, que pretende eleger o petista Emerson Reichert para prefeito e o peemedebista Adilson Schwingel para vice.

A dupla tem o apoio da atual administração, já que o prefeito está no segundo mandato e não pode concorrer novamente ao cargo nesta eleição municipal. Uma das novidades da coligação foi a entrada do PMDB na base. O partido foi oposição na última campanha, em 2008.

Caso eleitos, os candidatos prometem dar continuidade aos trabalhos que já são desenvolvidos pela atual administração municipal.

Jardinópolis Em Jardinópolis, pela segunda eleição municipal consecutiva, haverá consenso. A diferença é que o PP deixa a cabeça de chapa para ser vice e o PMDB, que era vice, vira cabeça de chapa. O candidato a prefeito é o agricultor Sadi Gomes Ferreira (PMDB), tendo como vice Alderi Nadaletti (PP). Ferreira disse que não foi complicado chegar a um consenso e repetir a situação em 2012.

— Foi tranquilo, pois o PP já era prefeito e abriu mão para o PMDB — explicou.

O candidato afirmou que, com a união dos partidos, ocorrem menos brigas e os gastos são menores. Ferreira foi vereador de 1997 a 2004 e, de 2005 a 2008, comandou a prefeitura. Mas, naquela eleição, houve disputa. Agora, ele disputa sozinho o voto dos 1.469 eleitores. Para vereador, também há chapa única com o PMDB, com sete candidatos:PP, com seis candidatos, PT, com três candidatos, PSDB e PSD com um candidato cada.

Rio das Antas O PMDB aposta em chapa pura para vencer as eleições à prefeitura de Rio das Antas, no Meio-Oeste catarinense. A única candidatura a prefeito representa continuidade. Os atuais chefes do Executivo concorrem à reeleição. Assim como na atual gestão, Alcir José Bodanesi tem Ingo Weiss como vice na candidatura.

Os dois peemedebistas não estão coligados com a oposição do município, que é encabeçada pelo PP. O partido decidiu apostar nos nomes partindo do pressuposto que têm boa aceitação popular no município, principalmente depois de serem absolvidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em um processo de cassação que envolvia uma acusação de utilização indevida, em época pré-eleitoral, de uma máquina comprada pela prefeitura.

São Miguel da Boa Vista Em São Miguel da Boa Vista, os tucanos, que já tinham o prefeito e o vice, conseguiram mais apoio para esta eleição, que terá chapa de consenso. De acordo com o atual prefeito, Milton Müller (PSDB), a chapa com Gilnei Guth (PSDB) e Valmir César Schroter (PSD) já estava encaminhada.

— A oposição nos chamou, pois entenderam que seria melhor o consenso — explicou Müller.

O prefeito entende que a união foi pensada no "crescimento do município". O presidente do PMDB, Ivânio Signor, afirmou que a opção por fazer chapa única foi para evitar que alguma disputa pudesse "dividir a população".

— É um município pequeno e uma disputa pode prejudicar o desenvolvimento da comunidade.

Para vereador, também é chapa única, com 12 candidatos para nove vagas. O PSD terá quatro candidatos, o PMDB terá três, o PSDB e o PP têm dois e o PT apenas um.

Vargeão Em Vargeão, o candidato a prefeito Amarildo Paglia (PMDB) e o companheiro de chapa Abílio Gubert (PT) são candidatos à reeleição e, ao contrário da disputa anterior, houve consenso. De acordo com o secretário do PSDB municipal, Volmir Felipe, na outra campanha, PP, DEM e PSDB estavam oficialmente na oposição, embora alguns tucanos tenham apoiado a situação. Neste ano, os partidos resolveram integrar a mesma coligação.

– Houve uma grandeza de todos os partidos – considera Felipe. Como estão na cabeça de chapa, o PP e o PT terão dois candidatos a vereador cada, de uma lista de 13 candidatos para nove vagas. O PP terá quatro candidatos, o PSD tem três e o PSDB tem dois. Eles disputarão os votos dos 2.860 eleitores.