10 de dez. de 2009

DEFICIÊNCIA NÃO FOI BARREIRA PARA" VIVIAN"

Estudante com um mínimo de visão é exemplo de luta na busca de formação

São Bento do Sul – A turma do segundo ano de direito da Univille teve oportunidade de acompanhar a explanação de uma de suas alunas mais aplicadas. Ela participou da primeira convenção latino-americana para pessoas com deficiência, no Equador, onde várias situações foram tratadas.No Brasil, a inclusão de pessoas com deficiência na sociedade em geral e principalmente no mercado de trabalho é um fato recente que começou com a criação da Lei de Cotas nº 8213/1991. Esta lei estabelece a obrigatoriedade das empresas cumprirem uma porcentagem como cota de pessoas com deficiência em relação ao total de empregados. Com essa iniciativa surgiu mais um paradoxo no mundo empresarial. Incluir portadores de deficiência no quadro de funcionários pode trazer uma série de vantagens às empresas, tanto do ponto de vista corporativo quanto com relação à imagem da empresa perante o mercado e a sociedade. Segundo Vivian Conrad da Silva, que tem uma vista totalmente comprometida e outra com apenas 25% de sua capacidade, o resultado de sua participação na convenção, rendeu um convite para fazer intercambio nos países de Cuba e Equador, convite este que ainda será analisado. A estudante se pautou ainda em dados estatísticos do IBGE, onde consta que 14,5% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência, ou seja, mais de 24,5 milhões de pessoas. Com isso, surge a preocupação de fazer com que a lei de cotas seja cumprida no Brasil, assim como em outros países que adotaram a mesma lei. “Em alguns países do mundo a lei de cotas é aplicada de forma mais eficiente que no Brasil”, destacou.Uma pesquisa ainda mostra que no ano de 2008 no Brasil foram aplicadas mais de 1400 multas às empresas pelo não cumprimento dessa lei, ou seja: a lei que garante vagas para pessoas com deficiências. “Fiquei muito chateada porque muitas vezes passei nas provas exigidas pelas empresas de RH e mesmo assim tive que ouvir que as empresas preferem pessoas como cadeirantes, com muletas ou com outras deficiências, menos aquelas com problemas de visão”, disse. Para ela, a formação em direito vai lhe oferecer condições para trabalhar justamente em um setor que precisa de melhorias. Ela pretende se esforçar para que o cumprimento das leis em benefício dos que realmente necessitam aconteça verdadeiramente. “Para mim é uma questão de honra”, enfatizou.

Vivian destacou que ser agraciada, entre milhares de brasileiros, para ir representar o Brasil no Equador foi motivo de honra e, mesmo nesta empreitada, teve que enfrentar vários desafios pelo fato de ter viajado sozinha. “O fato de ter participado de um evento envolvendo Equador, Cuba e Brasil e ter encontrado dois dos melhores advogados destes países e ainda cegos, foi realmente motivo de muito orgulho e muita responsabilidade”, enfatizou. A estudante está decidida a iniciar o trabalho de monografia, que caracteriza o final de curso em todas as áreas, tratando o tema da inclusão dos portadores de necessidades. Para os próximos dias, Vivian terá uma reunião de trabalho com o prefeito e equipe de campo Alegre, cidade onde reside atualmente, para falar sobre o sistema de cotas que deverá ser implantado no órgão público daquela cidade. Quanto às empresas da região, disse que muitas delas divulgam que têm vagas e oportunidades para portadores, mas que na hora do preenchimento a discriminação ainda acontece, especialmente aos deficientes visuais. Sobre a turma com quem estuda, Vivian agradece aos colegas dizendo que na Universidade ela se sente valorizada como pessoa. “Tudo que a gente quer é ser tratado com igualdade, e aqui eu encontrei esse tratamento, por isso tenho muito a agradecer a oportunidade a todos os colegas e professores”, finalizou. O evento que ocorreu em Quito, no Equador, de 13 a 16 de novembro, reuniu participantes de Cuba, Venezuela, Uruguai, Brasil, Argentina, Equador e Costa Rica. Do Brasil apenas Vivian e um estudante de Brasília-DF foram selecionados.

No final da explanação a turma de direito fez questão de um registro ao lado da amiga.
Créditos: Assessoria de Imprensa da Univille- campus São Bento do Sul

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