23 de mai. de 2011

ESTÍMULO À ADOÇÃO

ESTÍMULO À ADOÇÃO

O slogan é Adoção: Laços de Amor. A campanha será lançada hoje na Assembleia Legislativa. O objetivo é estimular a adoção de crianças e adolescentes que vivem em casas de acolhimento em Santa Catarina. A iniciativa dará ênfase à importância da adoção de crianças mais velhas, eis que 80% dos pretendentes dão preferência para bebês de até três anos, ao passo que 62% das 1.656 crianças, que nas 30 instituições de acolhimento que funcionam no território estadual aguardam uma família adotiva, têm mais de 10 anos. No momento, estão inscritos, em Santa Catarina, 3.586 candidatos a pais e mães adotivos no Cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo (Cuida). A campanha que, com forte apoio institucional e dos meios de comunicações, se estenderá até o final do ano, é uma oportuna, meritória e sensível iniciativa do Ministério Público de Santa Catarina, Ordem dos Advogados do Brasil, Tribunal de Justiça e Assembleia Legislativa. Outro foco será a necessidade de abreviar sem prejuízo do necessário cuidado que o ato exige os procedimentos burocráticos, cuja lentidão funciona, também, como um fator de desestímulo às adoções.

Relatório do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) estima que há mais de 80 mil crianças e adolescentes nas cerca de 600 casas de acolhimento no país, sendo que 10% estão prontos para adoção. Embora 63,6% sejam afrodescendentes e 61,3% tenham entre sete e 15 anos, a maioria dos postulantes a adotá-los prefere bebês, meninas e com pele clara, num evidente desconhecimento (ou preconceito?) da realidade étnica e sociocultural do país.

Com efeito, o perfil idealizado pelos interessados em adotar um filho está na contramão da realidade. Superar esses obstáculos, que se antepõem àquele que deve ser um ato de amor e redenção, há de ser, também, um dos alvos da campanha que hoje decola em Santa Catarina. Laboram em erro aqueles que temem que crianças mais velhas possam ter problemas de educação impossíveis de ser corrigidos no acolhimento e na convivência com as famílias adotivas. A experiência atesta o contrário.

Mais importante do que idade, sexo ou etnia do adotado é que os adotantes tenham plena consciência das responsabilidades exigidas pela paternidade e maternidade. As dificuldades de criar filhos biológicos e adotivos não diferem muito. Todos precisam de atenção, limites, proteção e, antes de tudo, amor. Adoção: Laços de Amor, o tema definidor da campanha dá a “lição de casa”. É uma campanha de redenção de vidas, de pequenas e sofridas vidas que a sociedade do consumismo e do espetáculo colocou à margem, uma iniciativa que vale, também, como um instrumento para recriar a dimensão do humano num mundo sem vínculos.

23 de maio de 2011 | N° 9178 - EDITORIAIS - JORNAL DIARIO CATARINENSE

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