3 de mar. de 2011

MARCHA LENTA - COPA 2014

Estudo do Sindicato Nacional de Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), divulgado ontem, mostra que o Brasil está enfrentando sérios problemas para cumprir o compromisso de construir estádios para a Copa de 2014. A análise das 12 praças esportivas que estão sendo reformadas ou construídas para receber os jogos mostra problemas na maioria. Algumas estão atrasadas por indefinição dos gestores, outras por falhas no projeto, outras estão sendo investigadas pelo Tribunal de Contas da União por suspeita de irregularidades e há ainda as que, segundo o Sinaenco, estão condenadas a se transformar em elefantes brancos depois do Mundial, pois se localizam em estados onde o futebol local não atrai grande público.

O diagnóstico é preocupante, mas não deve desanimar ninguém. Quanto o Chile foi escolhido para promover a Copa do Mundo de 1962, muita gente duvidou que um país tão pobre fosse capaz de tocar semelhante projeto. Então os chilenos se mobilizaram em torno de um slogan emblemático, criado pelo então presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, Carlos Dittborn Pinto, chileno nascido no Brasil: “Porque nada tenemos, lo haremos todo”. E realmente fizeram. Construíram estádios, estradas, melhoraram aeroportos e promoveram a Copa que daria o segundo título mundial ao futebol brasileiro.

O Brasil não parte do nada. Pelo contrário, tem estádios bem adiantados, mas tem, também, alguns apenas no projeto, deve reformar outros e precisa melhorar significativamente a infraestrutura. O levantamento do Sinaenco mostra que a sede mais atrasada é São Paulo, exatamente a escolhida para o jogo de abertura do Mundial de 2014. Pendências burocráticas, aliadas a indefinições do clube e da construtora, estão retardando o início das obras de terraplenagem do local escolhido para a Arena Corinthians, que já conta com a aprovação da Fifa e com incentivos fiscais da prefeitura paulista. O Maracanã está em obras no Rio de Janeiro, mas uma irregularidade descoberta pelo Tribunal de Contas na licitação poderá retardar a liberação do empréstimo do BNDES. Natal, Fortaleza e Curitiba, que também estavam marcando passo, tiveram avanços recentemente. Cuiabá está adiantada, embora o Tribunal de Contas do Estado tenha encontrado indícios de irregularidade na concorrência da Arena Pantanal. Brasília, Manaus, Recife, Belo Horizonte e Salvador estão tocando seus projetos, e Porto Alegre depende da definição do Inter sobre a parceria e as garantias bancárias para a reforma do Beira-Rio.

Além disso, o país está atrasado também na melhora da infraestrutura de estradas, aeroportos e outros equipamentos necessários para um evento internacional da importância de um Mundial. Mas ainda temos todas as condições para recuperar terreno e alcançar os objetivos propostos. O alerta do Sinaenco chega em boa hora, pois tende a mexer com o imobilismo e fazer com que o país arranque para a Copa de 2014 com a mesma garra que o levou aos seus cinco títulos mundiais.

O alerta chega em boa hora, pois tende a mexer com o imobilismo e fazer com que o país arranque para a Copa de 2014 com a mesma garra que o levou aos seus cinco títulos mundiais.

Fonte: 3 de março de 2011 | N° 9098 - EDITORIAIS / Diario Catarinense

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